sexta-feira, 20 de julho de 2018

Estruturas nunca antes vistas detetadas na coroa do Sol


Através de técnicas sofisticadas, físicos solares descobriram estruturas de granulação extremamente fina nunca antes detetadas na coroa externa do Sol.

O Sol é um objeto muito complexo e há ainda muito a fazer utilizando a tecnologia atual. Este foi o mote que fez com que os cientistas do Southwest Research Institute (SwRI) demonstrassem isso mesmo. A equipa usou o instrumento coronógrafo COR-2, no Observatório de Relações Solares e Terrestres (STEREO) da NASA, para estudar ao pormenor a atmosfera externa do Sol.

Através de um disco colocado à frente da lente, este instrumento tira imagens da atmosfera externa do Sol. A coroa é extremamente quente e é também uma fonte de vento solar – o fluxo constante de partículas carregadas que sai do Sol em todas as direções.

Quando as medições do vento solar são feitas perto da Terra, os campos magnéticos surgem entrelaçados e são muito complexos, mas ainda não está claro como é que esta turbulência ocorre. “No espaço profundo, o vento solar é turbulento e tempestuoso”, sustenta o físico Craig DeForest, da SwRI e autor principal do estudo, publicado na The Astrophysical Journal.

Mas como é que isto acontece? Responder a esta pergunta requer uma análise minuciosa à coroa solar, a fonte do vento solar. Se é o Sol que causa a turbulência do vento solar, os cientistas deveriam ter sido capazes de observar as estruturas na coroa, mas observações anteriores não mostraram nada.

Até agora, os dados mostraram a coroa como uma estrutura lisa e suave, mas, desta vez, isso não aconteceu. As estruturas sempre estiveram lá, mas os especialistas não conseguiram obter uma resolução de imagem alta o suficiente para as conseguirem observar.

“Através de novas técnicas que melhoraram consideravelmente a fidelidade da imagem, percebemos que a coroa solar não é suave, mas estruturada e dinâmica”, explica DeForest, “A estrutura é muito mais dinâmica do que pensávamos.”

Para obter as imagens, a equipa usou o coronógrafo COR-2 durante três dias, e durante esse período de tempo esse instrumento tirou mais fotografias do que o habitual. Mas, embora o disco oculto faça um ótimo trabalho no que diz respeito a filtrar a luz brilhante do Sol, ainda havia muito ruído nas imagens.

Como o STEREO está no espaço, alterar o seu hardware não era uma opção. Então, a equipa desenvolveu uma técnica para identificar e remover o ruído das fotografias, melhorando consideravelmente a relação sinal-ruído dos dados obtidos. Além de desenvolverem uma técnica que permitiu, através de algoritmos de filtragem, separar a coroa do ruído, fez ainda com que fosse possível corrigir o desfoque causado pelo movimento do vento solar.

Com isto, os cientistas descobriram que as alças coronais, mais conhecidas como serpentinas – que podem irromper nas ejeções de massa coronal que enviam plasma para o espaço – não são uma estrutura única. Em vez disso, são compostas por uma infinidade de fios muito finos.

Além disso, descobriram que não existe a superfície de Alfvén, uma fronteira teórica onde o vento solar começa a mover-se mais rápido. Ao invés, existe uma ampla zona de Alfvén na qual o vento solar se desconecta gradualmente do Sol, em vez de se desconectar de uma só vez, num único limite claro.


Fonte: ZAP

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