A descoberta foi feita por uma bióloga portuguesa no Parque Natural do Vale do Guadiana. A protosmia lusitanica já está catalogada na base de dados que junta todas as espécies do mundo.
É uma abelha pequena, de cor preta com o abdómen laranja, e é polinizadora de várias plantas. Chama-se protosmia lusitanica e foi descoberta pela bióloga Ana Gonçalves, na primavera de 2016 nas margens da Ribeira do Vascão, em Mértola, quando fazia uma visita aquela região do Alentejo com outros amigos interessados em insetos.
"Reparei que era uma espécie que ainda não tinha na minha coleção. Enviei para um especialista que estava a fazer um catálogo das abelhas existentes em Portugal e foi ele que percebeu que era algo especial e depois enviou para outro especialista que descreveu a espécie", conta.
O francês Gerard Le Goff, especialista em entomologia, assina em conjunto com a investigadora portuguesa o artigo que dá a conhecer ao mundo a protosmia lusitanica.
Uma descoberta importante, numa altura em que o futuro das abelhas está ameaçado. "Apesar de sabermos que estão em extinção, ainda não as conhecemos totalmente. Há uma grande riqueza de espécies que precisam de esforços de conservação e para isso precisamos de conhecê-las", lembra a bióloga.
Ana Gonçalves está, neste momento, a fazer um mestrado em Biologia da Conservação, na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, na área em que é especialista - os dípteros, que é como quem diz, as moscas. Está a estudar um grupo de moscas endémicas da Península Ibérica, muito parecidas com formigas, que existem principalmente na manta morta de carvalhais. Para além disso, é responsável pelos dípteros na lista vermelha dos invertebrados em Portugal, que está a ser criada.
A Ribeira do Vascão é muito rica em termos de biodiversidade e ainda se conhece pouco sobre o insetos que ocupam a zona. Esta nova espécie foi descoberta por acaso. Ana costuma recolher insetos nos tempos livres. E foi por causa disso que a protosmia lusitanica foi descoberta. Só se conhece este exemplar recolhido pela bióloga. Agora, era preciso ir ao terreno e coletar outros exemplares para conhecer mais pela espécie. Mas falta o apoio à investigação. "Há três ou quatro pessoas que fazem isto, coletar insetos. Vamos fazendo com os nossos fundos e depois procuramos especialistas internacionais que nos ajudem a descrever as espécies. Mas não há um apoio institucional", lamenta, "não se sabe nada sobre o estado de conservação destas espécies".
"É fundamental termos este conhecimento. Se não sabemos que espécies existem, não conhecemos o meio à nossa volta. Às vezes nem sabemos o que estamos a perder num grande incêndio ou quando se faz uma exploração mineira. As pessoas não sabem a riqueza do que se está a perder e não sabem a importância que tem."
Fonte: TSF
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