sexta-feira, 22 de março de 2019

Novo "tesouro" de fósseis descoberto na China


Jazida de Qingjiang contém mais de 50% de fósseis de espécies desconhecidas para a ciência que viveram no período cambriano, há cerca de 518 milhões de anos

Da perspetiva da ciência, a descoberta é o equivalente a um "tesouro escondido". De acordo com um artigo publicado na revista Science , o recentemente identificado local de Qianjing, na China, contém milhares de fósseis diferentes, 53% dos quais de espécies até agora desconhecidas, entre anémonas, artrópodes, corais, esponjas, pequenos invertebrados e microrganismos.

O local, cujos sedimentos datam de há cerca de 518 milhões de anos, poderá mesmo dar aos cientistas informação decisiva sobre o ainda misterioso Câmbrico (ou Período Cambriano), ajudando a explicar melhor como a vida evoluiu no planeta.

Na história da vida na Terra, o período Cambriano, ocorrido entre 542 e 488 milhões de anos antes da nossa era, é um marco decisivo. O aparecimento de um número muito diversificado de formas de vida num espaço comparativamente curto de tempo, num fenómeno conhecido por Explosão Cambriana, continua a desafiar os cientistas, que procuram ainda compreender os motivos que levaram ao surgimento de tamanha diversidade e complexidade.

O desafio de Darwin

O próprio Charles Darwin encarava este período como o principal desafio à sua Teoria da Evolução das Espécies pela Seleção Natural. Até há cerca de 580 milhões de anos, a vida na Terra era composta essencialmente por seres unicelulares, por vezes agrupados em colónias. Mas nos cerca de 100 milhões de anos seguintes surgiram os primeiros animais, fitoplâncton e diversos novos microrganismos e uma diversidade comparável à atual.

Um dos maiores desafios para estudo desta época tem sido a relativa raridade de locais - folhelhos (rochas sedimentares originadas pelo depósito de detritos) - do período. Os mais importantes, até agora, eram Burgess Shale, nas Rocky Mountains canadianas,Chengjiang, também na China, e Emu Bay Shale, na Austrália.

O novo local, nas margens do rio Danshui, está localizado a menos de 870 quilómetros de distância de Chengjiang. No entanto, de acordo com as informações recolhidas até agora pelos cientistas, apenas 8% das espécies existentes nos dois folhelhos são coincidentes, o que é considerado mais uma evidência da extraordinária diversidade daquele período.

Fonte: DN

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