segunda-feira, 20 de maio de 2019

Adeus cilindro com 130 anos. Chegou o dia em que o quilograma renasce


Em novembro, o Comité Internacional de Pesos e Medidas entendeu que estava na altura de deixar um peso para trás: o cilindro com 130 anos que temos usado para determinar o que é um quilograma.

Celebra-se neste 20 de maio o Dia Mundial da Metrologia e, se há alguns meses se redefiniu a forma como calculamos o que é, na verdade, um quilograma , chegou o dia de o colocarmos em prática.

Foi em novembro de 2018 que o Comité Internacional de Pesos e Medidas, no qual Portugal também está representado, aprovou uma nova forma de calcular o quilograma e outras três unidades de medidas: o ampere (A), o kelvin (K) e a mole (mol).

O novo cálculo do quilograma vai ser, a partir de agora, feito através da Constante de Planck, um conceito da Física. "É universal e independente do tempo e do espaço. Ou seja, onde quer que as experiências sejam feitas, em qualquer ponto do globo, o valor obtido vai ser exatamente o mesmo", explicava em novembro a diretora do Laboratório Nacional de Metrologia, Isabel Godinho, à TSF.


Até aqui, acredite-se ou não, o instrumento que usámos como padrão para o quilograma é um um cilindro com 130 anos, que está guardado numa cave em França. Há, por todo o mundo, várias réplicas deste mesmo cilindro - que é um protótipo feito de platina iridiada -, cuja massa tem vindo a degradar-se. "Desde os últimos 100 anos, foram cerca de 60 microgramas", explicava Isabel Godinho.

Agora, o quilograma vai passar a corresponder à massa de um número exato de fotões, ou partículas de luz, de um comprimento de onda específico. Embora o conceito seja complexo, o dia a dia de todos nós não vai ser afetado: a balança de casa ou do supermercado vai continuar a medir, com relativa exatidão, o que é um quilograma.

Já para a comunidade científica este é um dia histórico, uma vez que permitirá aos investigadores fazer medições com um grau de exatidão muito mais elevado, algo que pode ajudar a reavaliar as leis da própria Física.

"Não nos podemos esquecer que estamos numa era tecnológica em que, de facto, a nanotecnologia e as nanociências" necessitam de "medições com o máximo de exatidão", recorda Isabel Godinho.

O diretor emérito do Gabinete Internacional de Pesos e Medidas (BIPM), Terry Quinn, citado pelo site Engadget , nota que "esta é a decisão mais importante do BIPM em cerca de 100 anos - o que pode ser um ligeiro exagero -, mas será a mais importante desde 1960, quando foi adotado o Sistema Internacional".

Gonçalo Teles

Fonte: TSF

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