quinta-feira, 11 de julho de 2019

Submarino nuclear que naufragou nos anos 80 está a emitir níveis de radiação 100 mil vezes superiores ao normal


O Komsomolets, que naufragou há 30 anos, está a mais de 300 quilómetros do norte da Noruega. Agora, os cientistas estimam que esteja a emitir níveis de radiação "100 mil vezes superior ao normal"

O submarino soviético, com casco de titânio, capaz de mergulhar em profundidade e equipado com dois torpedos com munições nucleares, afundou-se no Mar de Barents após um incêndio, em 1989. Agora, uma equipa de investigação conjunta russa e norueguesa informou que o submarino está a emitir altos níveis de radiação.

O naufrágio ocorreu no oeste do Mar de Barents, a cerca de 420 quilómetros da costa norueguesa. O incêndio de 7 de abril de 1989 começou devido a um curto-circuito na sala das máquinas do navio. O navio foi capaz de flutuar durante cerca de cinco horas. No entanto, um total de 42 dos 69 membros da tripulação foram mortos, a maioria vítima de hipotermia, enquanto aguardavam o resgate das águas geladas.
Na última segunda-feira, 8, um mini-submarino, controlado remotamente, recolheu amostras de água de um tubo de ventilação no submarino naufragado e a sua leitura indicou que os níveis de radiação são 100 mil vezes superiores aos da água do mar normal. A última vez que a radiação tinha sido medida foi em 2008, quando um cientista russo disse que havia detetado um pequeno derrame radioativo. Antes disso, os níveis de radiação registados foram sempre relativamente baixos.

Enquanto operavam o submarino remoto, os cientistas testemunharam uma "nuvem ocasional" emergindo do tubo de ventilação. A equipa acredita que o tubo pode ter contacto direto com a carga radioativa do navio. "Temos observado uma espécie de nuvem saindo desse buraco de vez em quando. Em paralelo com o teste em que medimos a poluição, uma nuvem também saiu do buraco. Isso pode indicar que a poluição sai por impulsos", explicou Hilde Elise Heldal, do Instituto Norueguês de Pesquisa Marinha, à emissora de TV2 da Noruega.


Contudo, "os resultados são preliminares", sublinha, acrescentando os níveis de radiação detetados não ameaçam a pesca nem os cientistas a trabalhar na área. Mas é "importante que o acompanhamento continue, para que tenhamos um conhecimento atualizado da evolução da poluição na área em torno do naufrágio. A vigilância ajuda a garantir a confiança do consumidor na indústria pesqueira norueguesa"

Ingar Amundsen, diretor da Diretoria de Proteção à Radiação e Segurança Nuclear da Noruega, afirmou que "as novas pesquisas da Noruega e a Rússia são importantes para a compreensão do risco de poluição representado pelo Komsomolets".

A notícia dos níveis de radiação emitida por este submarino chega dias depois de o governo russo confirmar que um incêndio noutro submarino, movido a energia nuclear, matou 14 marinheiros, também ocorreu no Mar de Barents. O ministro da Defesa, Sergei Shoigu, disse no início desta semana que o reator nuclear a bordo estava "operacional" após a tripulação ter tomado as "medidas necessárias" para o proteger.

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