domingo, 11 de agosto de 2019

Os 58 anos da Histórica Operação Atlas


Recordando os 58 anos da Histórica Operação Atlas
Foi em 8 de Agosto de 1961, que 8 aviões F-86F Sabre saíram a voar para a BA-12 Bissalanca...

OPERAÇÃO "ATLAS"


1961 – “Ferry” Monte Real – Guiné-Bissau . “Uma Travessia de Sucesso”

No início do ano os ventos que sopravam de África não eram os melhores, já que os movimentos de libertação das ex-Províncias Ultramarinas começaram a surgir, primeiro em Angola, a seguir Guiné e por último Moçambique.

Não havia dúvida de que a presença de Forças Militares do Exército, Marinha e Força Aérea, eram inevitáveis e foi o que veio a acontecer, realmente.

Entretanto, na Base Aérea Nº5, mais concretamente na Esquadra 51 (Linha da Frente), começou a ouvir-se e a pairar a hipótese de uma formação de aviões F-86F “Sabre” fazer um “ferry” que à partida podia ser até ao arquipélago de Cabo Verde (ilha do Sal). À medida que o tempo ia passando mais se acentuava a ideia que a missão em termos de futuro próximo iria ser uma realidade.


Assim, continuando a haver a manutenção do 1º. Escalão com o propósito de ser mantido o programa normal de operacionalidade da Esquadra 51, também a partir desse momento começaram a ser escolhidas as aeronaves que pudessem dar mais garantias para a referida missão.Os aviões tinham de possuir os seguintes requisitos:

1.-O maior número de horas disponíveis para a próxima grande inspecção periódica (célula/motor).

2.-Os equipamentos de todas as especialidades possuírem uma garantia de boa operacionalidade.

3.-Instalar “drops” (depósitos externos) de 120 galões, a fim de cada aeronave atingir o pleno total de combustível – JP4 (1.075 galões).

4.-Cada aeronave tinha de efectuar um voo (ou mais) de experiência para verificação de todos os sistemas, consumo dos “drops” e até a sua própria autonomia.

Na preparação dos aviões para esta missão houve uma tarefa que ultrapassou todos os cálculos previstos em termos de “mão-de-obra directa”, que foi a instalação dos “drops” de 120 galões. Houve uma justificada razão para a imprevista situação, que foi a seguinte:

Quando da chegada das aeronaves à Base Aérea Nº2-Ota (Agosto – 1958), todas traziam instalados os “drops” de120 galões, mas foram de imediato retirados e nunca mais voltaram a ser montados nos aviões, uma vez que os voos efectuados em Portugal e na Europa não necessitavam da sua utilização.

Como o “teste de fugas” dos depósitos só podia ser realizado no avião, é fácil concluir que várias mudanças tiveram de ser realizadas, dado o longo período em que o sistema esteve desactivado.

Há um outro pormenor que não quero deixar de registar, que era o facto de haver um parafuso principal de fixação do “drop” de 120 galões ao seu suporte (na asa), em que tinha de ser dado um torque (esforço de rotação) com chave dinamómetro (força) no valor de 1.500 lbs.. Como se compreende o esforço solicitado era muito grande (em sucessivos parafusos) e por acordo mútuo o torque só era dado por mim (Cabeleira) ou colega Lino Carneiro. 

Acontece, que nesse mesmo período todo o pessoal andava a tomar as vacinas necessárias (febre amarela, varíola, etc.) e com o esforço despendido começaram a aparecer ínguas nos sovacos / axilas, o que nos assustou, naturalmente, mas depois de medicados tudo se foi normalizando e voltaram os níveis de confiança que tanto eram necessários no momento.

Devo acrescentar que para além da especialidade MMA, colaboraram também na instalação dos “drops” de 120 galões, os MELEC e MAEQ.

Concluindo, as horas do dia ou da noite e até Sábados e Domingos não contavam para a execução desta tarefa, o importante era o aprontamento das aeronaves para a missão, e esse desiderato foi amplamente conseguido por todos os intervenientes (pilotos e mecânicos).

Com o planeamento e embalagem do material sobressalente julgado necessário para este tipo de missão, estava concluído nos primeiros dias de Agosto, todos os preparativos da “Operação Atlas” (nome de código para o Destacamento 52 da BA5), e, naturalmente, foi aguardada com muita ansiedade e expectativa o momento da partida que chegou.
Aeronaves escolhidas para o “raid”: F-86F "Sabre" nº.s 5307, 5314, 5322, 5326, 5354, 5356, 5361 e 5362.

Obs.: No voo Monte Real – Montijo, seguiram mais dois (2) aviões F-86F, que ficaram de reserva à missão.

As duas aeronaves foram levadas para a BA6, pelos seguintes pilotos:1º.Sarg. Pil José Carlos Alves Patrício e 2º.Sarg. Pil Eugénio Vieira Bolais Mónica.

Participou na “Travessia” Monte Real – Guiné-Bissau o seguinte pessoal:

Pilotos: 
Capitão Pilav-Ramiro de Almeida Santos-Chefe de Missão,
Capitão Pilav-José Fernando de Almeida Brito, 
Tenente Pilav-Aníbal José Coentro Pinho Freire, 
Tenente Pilav-Alcides Telmo Teixeira Lopo, 
1º.Sarg. Pil-António Rodrigues Pereira, 
1º.Sarg. Pil-José Luís Pombo Rodrigues, 
1º.Sarg.Pil-Humberto João Cartaxo da Silva, 
2º.Sarg.Pil-Rui Salvado da Cunha.

Equipa Técnica de Apoio Durante o Movimento (Escalão Precursor)

Tenente TMMA-Joaquim da Conceição Conduto
2º.Sarg.MMA-João Luís Gustavo Mil-Homens
2º.Sarg.MELEC-Manuel Jaime da Silva Barros
2º.Sarg.MAEQ-Alberto Gonçalves Diogo
2º.Sarg.MRAD-José Manuel Loureiro Pires
Fur.MMA-Lenine Gouveia das Neves
Fur.MELEC-Victor António da Silva Pacheco
1º.Cabo MMA-Augusto dos Santos Nogueira
1º.Cabo MMA-Fernando de Jesus Pinho
1º.Cabo MMA-Duarte Gonçalves
1º.Cabo MMA-Valter José Ferreira O. Almeida
1º.Cabo MMA-Fernando José Pereira Timóteo
1º.Cabo MMA-Helder Ferreira Mendes
1º.Cabo MMA-Abílio Ascenso
1º.Cabo MMA-Aires António Fernandes Barbosa
1º.Cabo MMA-Albertino José R. Félix
1º.Cabo MRAD-Eduardo Vieira de Castro
1º.Cabo MRAD-Américo Vieira Ferreira.

Obs.: A Equipa Técnica de Apoio (Escalão Precursor) saiu da BA5 para a BA6 – Montijo em 08AGO1961, no avião “Douglas” DC-6 Nº. 6704 (Com.te TCor. Pilav Rangel de Lima) e descolou na manhã do dia seguinte (09AGO) para o Gando (ilhas Canárias).

Continuar a ler a AQUI

Sem comentários:

Enviar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...