quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Foi descoberta a enguia-elétrica mais poderosa do mundo


Nova espécie de enguia-elétrica pode produzir um choque eléctrico de 860 volts. Apesar de elevado, não chega para matar uma pessoa saudável, diz investigador.

Uma equipa de investigadores do Museu Nacional de História Natural Smithsonian, em parceria com biólogos brasileiros, descobriu duas novas espécies de enguia-elétrica na Amazónia. Uma delas dá um choque elétrico de 860 volts, o que ultrapassa em 210 volts o mais alto valor registado numa enguia. A revista cientifica Nature Communications considera a nova espécie de enguia o animal gerador de eletricidade mais poderoso do mundo.

A enguia-elétrica foi descoberta pela primeira vez pelo cientista sueco Carl Lunnaeus em 1766. Durante séculos, acreditou-se que era a única espécie existente em toda a região da Amazónia. Mas o investigador David de Santana e a sua equipa decidiram fazer um estudo para entender melhor estes animais e mapear a vida selvagem em partes remotas da América do Sul.

Durante o estudo, foram analisadas 107 amostras de ADN de várias enguias e encontradas três espécies: a já conhecida Electrophorus electricus, e as novas Electrophorus voltai e Electrophorus varii. Outro resultado foi que a E.voltai é capaz de produzir um choque de 860 volts – ultrapassando os 650 volts previamente registados – "tornando-o o gerador de bioeletricidade mais forte conhecido", confirma Santana. Ao The New York Times, Santana afirmou que a voltagem não é suficiente para matar um ser humano saudável. 

"Apesar de todo o impacto humano na floresta amazónica nos últimos 50 anos, ainda podemos descobrir peixes gigantes como as duas novas espécies de enguias eléctricas", disse o investigador.

A Nature Communications partilhou o estudo esta terça-feira, teorizando que as três espécies evoluíram de um antepassado partilhado há milhões de anos. 

As enguias elétricas usam o choque para caçar, defender-se e navegar. Têm três órgãos elétricos especializados que podem produzir cargas de diferentes intensidades para diferentes fins. Os choques costumam durar segundos.

Segundo Santana, "a fisiologia da enguia-elétrica inspirou o projeto da primeira bateria elétrica de Volta, forneceu uma base para o tratamento de doenças neuro-degenerativas e recentemente promoveu o avanço das baterias de hidrogel que podem ser usadas em implantes médicos".

   

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