O Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) vai liderar o desenvolvimento de um sistema para o telescópio espacial, que será lançado em 2031, e que vai permitir fazer uma radiografia de raios X do universo.
Ainstituição portuguesa venceu o concurso da Agência Espacial Europeia (ESA) para liderar um dos consórcios da missão Athena (Advanced Telescope for High-Energy Astrophysics) e durante dois anos fica responsável por desenvolver um sistema de medida para o telescópio.
"O sistema que vamos fazer é um instrumento ótico que permite verificar a direção do espelho e garantir que não existem deslocamentos laterais com um erro maior do que a centésima parte do milímetro entre o sensor de cada instrumento e o ponto focal do espelho. Mas o espelho está a 12 metros de distância. É um rigor muito grande", explica o investigador do IA Manuel Abreu, citado em comunicado.
O projeto faz parte da preparação do futuro observatório espacial das altas energias que vai fazer uma radiografia de raios X do Universo na próxima década.
Com lançamento previsto para 2031, o telescópio Athena vai permitir perceber como os buracos negros determinaram a formação e evolução das primeiras galáxias, bem como a forma como essas galáxias se "arrumam" em estruturas com a extensão de centenas de milhões de anos-luz.
"Depois, com o telescópio já no espaço, há um processo de calibração inicial. Todo o sistema sofreu tensões térmicas e vibrações dentro do foguetão, e há uma grande probabilidade de não chegar alinhado", acrescenta Manuel Abreu.
Esse alinhamento será feito remotamente, para assegurar que o espelho do telescópio, de 2,5 metros de diâmetro, está a apontar de forma precisa para o sensor de cada instrumento, e o processo é repetido sempre que o espelho troca entre instrumentos.
Um desses instrumentos, uma câmara de imagem de grande campo, tem também mão portuguesa, através da participação, desde 2013, de investigadores do IA no seu desenvolvimento.
O consórcio responsável pelo desenho e desenvolvimento do sistema de medida, pela conceção da componente ótica e pela execução dos testes, que será agora liderado pela instituição portuguesa, integra três empresas, duas das quais nacionais.
A componente mecânica do sistema será desenvolvida pela portuguesa Frezite High Performance e os subsistemas eletrónicos ficam a cargo da Evoleo. A italiana Thales Alenia Space irá apoiar o desenvolvimento de requisitos, a integração com o resto do telescópio e a definição dos testes de verificação.
Atualmente, o projeto está naquela que Miguel Abreu designa de "fase B", que termina com a definição das dimensões finais do modelo e das interfaces elétricas, mecânicas e térmicas.
"Como é que se relaciona com o resto do telescópio, como é que deve resistir às condições físicas, tudo muito próximo do modelo real, mas que ainda não é o modelo de voo", explica o investigador.
A construção do modelo que irá para o espaço acontece numa terceira fase, a fase C, para a qual haverá um novo concurso em 2022.
Fonte: NM
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