quarta-feira, 6 de outubro de 2021

“Açores, o Enigma” fala sobre a Arca da Aliança e o Santo Graal


Armando Moreira promete polémica e novas explicações sobre as origens do povoamento dos Açores com a publicação de novo livro

Numa conversa com o autor, natural de Vila Franca do Campo e que já percorreu “vários caminhos” no mundo da cultura, a primeira questão passa naturalmente por perceber a origem deste livro.

“Há dois anos e meio atrás, um pouco antes da pandemia, o António Monteiro e o Zé Manuel, responsáveis pela Associação que hoje faz o Festival de Blues e imensas outras coisas, vieram a São Miguel e pediram-me mais um livro. Disse-lhes que já não conseguia ficcionar mais sobre Colombo, mas garanti que iria pensar. Comecei a analisar os documentos que tinha, inclusivamente alguns que me foram facultados pelo professor Hermano Saraiva e, aos poucos, fui-me apercebendo que existiam assuntos que tinha pesquisado e que se encadeavam uns nos outros. Isso intrigou-me”, começa por confessar.

A história deste livro, baseado em documentação oficial, como garante Armando Moreira, tem como ponto de partida o longínquo ano de 740, tempo em que a Península Ibérica era controlada pelo povo visigodo e pelo Rei Rodoligo. Sabendo da eminência da invasão dos Mouros, o soberano pediu que os seus tesouros fossem retirados de um local que ainda se chamava Portucale.

“Tive acesso a uma lista desses tesouros, sendo que muitos deles foram pilhados das caves do palácio do Rei Salomão e estavam depositados numa pequena igreja em Tomar, que era a sede dos Templários em Portugal. Entre esses artefactos que foram roubados estava a Arca da Aliança e o Santo Graal, seja ele o que for. Consegui essa lista através das pesquisas de Cristóvão Colombo (…) 20 naus carregaram esses artefactos e o último da frota era aquele onde supostamente estaria a Arca da Aliança. Embarcaram com o intuito de ir à procura das Ilhas da Fortuna que na época já estavam perfeitamente referenciadas”, afirma que o autor, que esclarece de seguida que a “ideia de que em 1432 o Infante chegou a Santa Maria e depois, em 1442, a São Miguel é um engano, porque por aqui já tinha passado imensa gente e é isso que o livro desmistifica completamente”, realça.

Voltando ao livro “Açores, o Enigma”, Armando Moreira conta que “à chegada aos Açores e assolados por uma tremenda tempestade, a última nau acaba por divergir para a ilha de Santa Maria, onde naufraga. Os marinheiros que escaparam conseguiram transportá-la por uma falésia e foi depositada na ilha de Santa Maria, curiosamente num sítio onde tem havido imensas convulsões geológicas”, sublinha. Quanto aos restantes marinheiros, “vieram para São Miguel e supostamente trouxeram os outros tesouros, entre os quais o Santo Graal”.
O autor reforça que “tudo isto não é ficção, mas fruto de pesquisas a que anteriormente não tinha dado importância. É um pouco como um puzzle, como um anagrama”, diz.

Ainda sobre a Arca da Aliança e a ilha de Santa Maria, Armando Moreira refere que “semanas depois, quando os marinheiros voltaram ao local onde tinham depositado a Arca da Aliança, tudo à volta estava a secar. A ilha de Santa Maria, para que conste e não há explicação geológica nem científica, metade é estéril e a outra metade é verdejante”.

Admitindo a polémica que poderá envolver este livro, o autor desvenda outro dos temas abordados nesta obra: “Segundo uma teoria defendida por vários cientistas e pesquisadores da religião católica, Jesus Cristo não morreu na crucificação. Tudo aquilo foi tratado e negociado com José de Arimateia, um nobre muito influente que tinha inclusivamente terras na Britânia (actual Grã-Bretnaha) e que era aparentado de Jesus Cristo. Jesus acabou por não morrer, foi retirado da Cruz e o livro conta isso tudo. Quando lá chegaram, José de Arimateia tinha erigido uma igreja em devoção a São Miguel Arcanjo, aquilo a que se chama hoje em dia Glastonbury Tor e onde há dois anos, depois de pesquisas arqueológicas, se provou ter sido habitada por gente de Jerusalém há mais de dois mil anos”. Armando Moreira explica depois que existe, “no Monte de Santa Clara, em Ponta Garça, uma réplica exactamente igual à de Glastonbury, o local onde Jesus Cristo viveu”.

O autor fala ainda de José do Canto, “que era templário e que foi um homem que trouxe coisas maravilhosas para esta ilha, incluindo esta torre que já mencionei”. Para Armando Moreira, “as ficções foram feitas por reis, soberanos e outros políticos do tempo para as usarem a seu belo prazer, nomeadamente para enganar as pessoas e a Igreja Católica é muito fértil nesse tipo de coisas. É uma forma de controlar socialmente as pessoas”.

Ainda segundo Armando Moreira “é muito triste quando muito do conhecimento da civilização acaba por se perder no tempo. Penso que estas questões até foram reveladas no seu tempo, mas muitas delas terão sido proibidas. Acredito que estas coisas sempre estiveram lá e que esperam por um tempo próprio”.

Critica também a forma como se investiga a história dos Açores e lança uma outra questão: “Aqui, investigar a história é ir à história de Gaspar Frutuoso e pouco mais, mas existem outros cronistas da época. Na Torre do Tombo tudo o que é dos Açores está destruído, não há informação e não se percebe porquê. Mas o meu livro di-lo. Isso acontece porque nunca interessou aos reis que as pessoas soubessem algumas coisas e se calhar duas delas são a Arca da Aliança e o Santo Graal”, afirma.

Armando Moreira considera que este livro vem demonstrar a “grande importância histórica” dos Açores, nomeadamente com a “confluência dos navegadores que procuravam mundo e descobriram que ele era redondo. Por aqui passaram todas as civilizações”, destaca. O autor defende ainda que esta obra “dará uma perspectiva completamente diferente dos Açores e um turista que chegar à ilha de São Miguel ou Santa Maria vai saber que aqui poderão estar o Santo Graal ou a Arca da Aliança (...) Os Açores precisam disso e o turismo é o futuro, sempre o disse. As próximas edições do livro vão ter uma tradução bilingue e teremos pessoas, que para além do seu percurso turístico, poderão fazer uma procura por conta própria da existência deste tipo de coisas”.

Armando Moreira admite que a “maior parte das pessoas vão ler este livro e pensar que sou completamente louco, mas outros, vão fazê-lo e reflectir (…) O tempo dirá até que ponto a minha loucura teve alguma importância para os Açores”.

A terminar, o autor de “Açores, o Enigma” afirma ter a consciência de que este “é um livro completamente polémico e sei que há pessoas que vão protestar, mas dar-lhes-á muito que pensar e quando isso acontece, fazemos com que as coisas avancem”.

Luís Lobão

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