quinta-feira, 29 de março de 2012

FLA

FRENTE DE LIBERTAÇÃO EM "NOVA FASE DE ACÇÃO"
No espaço de duas semanas, o “Movimento Nacionalista Açoriano Frente de Libertação dos Açores (FLA)” lançou dois comunicados a apelar à mobilização das populações. Os simpatizantes dos ideais afirmam-se em “nova fase de acção” e preparam uma iniciativa para o 6 de Junho, Dia dos Açores.
O “Movimento Nacionalista Açoriano Frente de Libertação dos Açores (FLA)” refere estar em “nova fase de acção”, tendo, no espaço de duas semanas, lançado, junto dos órgãos de comunicação social, dois comunicados.
O primeiro, datado de 16 de Março, refere que “as manifestações independentistas açorianas ocorridas sobretudo entre 1974/1976 continuam a estar cobertas de mistérios. A verdade histórica tem sido muito pouco explorada”.
“Apesar do fenómeno independentista ter contribuído para a obtenção da autonomia política açoriana, este é incómodo para o Estado português. As partes incómodas da história só conseguem ser recordadas com um distanciamento significativo, ou a sua repetição. Recordar e incentivar a independência dos Açores, tem fundamento por razões biológicas, históricas económicas e sociais. Sobretudo na herança dos nossos antepassados que sonharam e lutaram pela autodeterminação do nosso povo “ a administração dos açorianos pelos açorianos”, pode ler-se.
POPULAÇÕES INCENTIVAM FLA
Segundo Álvaro Lemos, um dos “simpatizantes dos ideais do movimento”, como se identificou, a preocupação vai para a “morte” da Autonomia açoriana: “estamos a ver que a nossa autonomia está a sofrer cada vez mais cortes. Acho que há que alertar os açorianos e os partidos políticos da região para ver se não deixam a autonomia morrer”.
Questionado sobre o que levou o movimento a manifestar-se agora, o antigo presidente do Partido Democrático do Atlântico (PDA) e um dos seus fundadores, explica que o incentivo tem partido das populações: “há centenas de pessoas que conhecem os nossos elementos e pensam da mesma maneira que nós e abordam-nos na rua, nos cafés e dizem: porque é que vocês não vêm cá para fora e divulgam as verdades?”.
Quer o grupo, como o cidadão em questão, refere não ter ambições políticas: “já fui presidente do PDA, quando o partido teve e a sua maior votação, e não tenho ambições políticas. A minha única ambição é deixar os Açores aos açorianos melhores do que aquilo que eu recebi”, mas sempre com o princípio de base: “a FLA sempre pensou ter a independência dos Açores – dessa posição não abdicamos”.
Para já, o movimento refere que vai continuar a lançar comunicados, a promover os seus fundamentos e ideais, estando a prever realizar uma iniciativa para assinalar o próximo Dia dos Açores: “temos em vista várias acções, que vão acontecer, por exemplo no 6 de Junho”, não pormenorizando, contudo, quais.
TELEMÓVEIS SOB ESCUTA
Para o movimento, que criou inclusivamente uma página das redes sociais, existem muitas “dificuldades” e restrições na sua acção. Álvaro Lemos chega mesmo a referir ter conhecimento que as telecomunicações dos membros do grupo estão “sob escuta”: “sabemos que os nossos telemóveis estão sob escuta, já nos garantiram que isso é uma verdade”.
Porém, adverte: “não nos sentimos reprimidos, mas não gostamos de viver no secretismo, na clandestinidade, mas somos obrigados a isso”.
É por isso que, acresce que oficializariam o movimento como tal “se este fosse num pais verdadeiramente democrático”.
O simpatizante esclarece que “não somos elementos de violência, não queremos violência, queremos é mostrar a realidade açoriana aos açorianos. Se me fizer a pergunta: o que é a autonomia? Os açorianos não sabem. Porque nunca ninguém lhes quis dizer isso, com medo de perder o seu umbigo, e os seus partidos. Portanto os açorianos é que têm de tomar conta da sua vida”.
CONTRA “COLONIZAÇÃO”
A FLA, nestes últimos comunicados, refere não ser “contra o Povo português que, respeitamos”, mas “sim contra os governos de Lisboa”: “não queremos ser colonizados, mas senhores do nosso destino como prevê, a Constituição portuguesa e a Carta dos Direitos do Homem”.
A segunda nota informativa, lançada na última quarta-feira, dia 21 de Março, é dedicada ao que denominam ser de “Colonização continua” o modo como são administradas as regiões insulares: “porque dizemos que os Açores e a Madeira são colónias Portuguesas? Porque, fundamentalmente, o estatuto das regiões autónomas que lhes consagra a constituição de 1975, é, cópia fiel da autonomia que a constituição de 1933 (no tempo da ditadura) outorgava às antigas colónias de África, descolonizadas pela Revolução de Abril”.
RECORRER A TRIBUNAIS
A FLA admite recorrer, caso necessário, aos tribunais internacionais com a sua causa: “no nosso caso, não necessitamos de recorrer à violência para que a Independência dos Açores aconteça, pois, basta que o povo açoreano manifeste este desejo para que Portugal tenha que o aceitar, pois, encontramo-nos cobertos pela Declaração Universal dos Direitos dos Povos subscrito por Portugal, mesmo que, para que tal seja cumprido tenhamos que recorrer aos Tribunais Internacionais, dado que, a condição de Região com Autonomia Politica dá-nos esta possibilidade”.
“Enquanto não tivermos a possibilidade real de fazer leis e executá-las nos Açores, estamos sujeitos a leis que não sufragamos na nossa Assembleia. Única via de descolonização do povo açoreano”.
O movimento refere ressurgir no momento “mais propício”, para “demonstrar a sujeição às leis da Republica que, devido aos desmandos económicos e financeiros que, nos obriga também, a segui-las rigorosamente mesmo que não contribuíssemos na mesma medida para tal descalabro”.
Humberta Augusto

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