Portugal devia preparar eventuais situações de "caos urbano"
O investigador António Sousa Lara defende que Portugal devia estar já a preparar-se para eventuais situações de "caos urbano", como tumultos ou revoluções.
Em declarações à agência Lusa, a propósito do livro "Caos Urbano", que é lançado na próxima terça-feira, o professor e catedrático do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP) disse que atualmente Portugal "não tem nada pensado" para enfrentar uma situação de catástrofe em meio urbano, sendo altura de começar a preparar e prever estes cenários, que podem acontecer a qualquer altura.
O livro "Caos Urbano", coordenado por Sousa Lara e com contribuições de sete coautores de elementos da PSP, GNR, PJ e investigadores do ISCSP, tem como missão alertar para "a gravidade das situações caóticas em meio urbano que já ocorreram e que vão repetir-se", chamando a atenção para a necessidade de as prever, em vez de se improvisar quando acontecem, adiantou o antigo governante do PSD.
Os autores do livro chegaram à conclusão que é possível prever situações de caos através da criação de sistemas de aviso prévio atempado, não só catástrofes provocadas pela natureza (sismos, inundações e tsunamis), mas também desordens devido a tumultos, revoluções ou golpes de estado.
Sousa Lara afirmou também que, nas "situações de grande rutura", as Forças Armadas (FA) desempenham um papel crucial, sendo sempre chamadas para resolver o conflito.
"As forças de segurança civis desaparecem em altura de caos. Em tempo de paz são suficientes para aguentar o sistema, mas em alturas de convulsões a função decisiva é sempre das FA", sustentou.
Nesse sentido, defendeu que o papel das FA em Portugal deve ser equacionado "de maneira a acudir às missões internas que tenham a ver com graves crises".
Sousa Lara considerou que "é preciso alterar estruturalmente a missão das FA", nomeadamente no que toca à "segurança efetiva das populações e do património".
À Lusa, o investigador traça dois cenários possíveis de acontecer em Lisboa: um sismo, idêntico ao terramoto de 1755, e o caos que se pode instalar caso o euro acabe.
"O euro estoira. Isto entra em colapso. Portugal não tem dinheiro para se financiar. Nos primeiros 15 dias ainda há subsistência, mas depois não há dinheiro para pagar à função pública, FA, polícias, hospitais e para importar petróleo, gás, medicamentos. Importamos tudo, o que acontece numa zona como Lisboa, é o caos. Isto está mais perto de ser verdade, do que as pessoas acreditam", concluiu.
O livro "Caos Urbano" vai ser lançado na terça-feira no Instituto de Altos Estudos Militares, em Lisboa.
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