sexta-feira, 16 de novembro de 2012

A DISPENDIOSA VISITA

15 Novembro 2012 [Opinião]
Portugal teve um início de semana deveras agitado, por causa da visita de cinco horas da Senhora Merkel a Lisboa. Esta Senhora foi, como todos sabemos, considerada pelo povo português como persona non grata, daí que as manifestações de desagrado pela presença dela no nosso país foram muitas, tendo sido apresentadas de várias formas e feitios.
Apesar destes “avisos” o governo de Passos Coelho continua autista, como sempre. Procede deste modo com o povo português mas, está sempre atento venerador e obrigado, não só aos funcionários da troika, mas também à Senhora da Alemanha, a quem também chamam de Senhora Europa.
É evidente que, com tantas manifestações de desaprovação pelos métodos aplicados na recuperação económica do país e pela falta de equidade na distribuição dos sacrifícios os quais, supostamente, deveriam ser proporcionais aos rendimentos de cada português, mas que não é assim, não admira pois a animosidade demonstrada pelos portugueses em geral para com aquela que é considerada uma das maiores responsáveis pelo nosso desastre económico.
Assim, e para que tudo corresse dentro da normalidade para a Senhora Merkel, montou-se um dispositivo de segurança, deveras anormal, para uma visita oficial de uma personalidade estrangeira ao nosso país.
Cabe aqui perguntar: quanto custou ao Orçamento do Estado a escolta aérea, o policiamento reforçado, as forças de intervenção em alerta máximo em terra, mar e ar, as viaturas, os agentes secretos, e demais despesas só para que, Madame Merkel, viesse a Lisboa felicitar o “seu aluno” pela boa execução dos procedimentos para o afundamento da nossa economia?
Não admira o comportamento do cidadão comum perante tanta falta de sensatez na governança deste pobre país, cujo povo se entregou nas mãos de gente incapaz de diminuir o défice das contas públicas, apesar dos milhares de milhões que o Estado tem sonegado aos cidadãos comuns, principalmente àqueles que, ou pela idade ou pela profissão sindicalmente pouco protegida, não tem possibilidades de reivindicar seja o que fôr.
Para provar o que acima disse, informo os meus hipotéticos leitores que recebi, de um autorizado contabilista, a nova fórmula de descontos mensais para o
Para quem trabalha por conta de outrem e que não tenha as benesses que usufrui qualquer funcionário de qualquer empresa pública, às quais o trabalhador do sector privado normalmente não tem acesso e cujo vencimento bruto mensal seja de 1.000,00€ € terá os seguintes descontos:-
Desconto para o IRS 21% sobre o vencimento bruto dá 209,62€.
Sobretaxa de 4% sobre o vencimento bruto dá 40,00€. próximo ano de 2013, caso o Orçamento do Estado, actualmente a ser discutido na especialidade na Assembleia da República, seja aprovado. É simplesmente aterrador.
Desconto para a segurança social que são 11% do vencimento dá 110,00€.
Todos os descontos somados dão a bonita quantia de 359,62€.
Gostaria aqui de realçar a percentagem de desconto para o IRS no valor de 21% para quem ganha 1.000,00€/mês. É uma grande fatia!
É evidente que se houver mais algum desconto não obrigatório, como por exemplo a quotização sindical, ou qualquer outro, o total dos descontos aumentará, diminuindo assim o líquido a receber para alimentar a família e pagar os compromissos assumidos.
De qualquer forma, e admitindo que são só os descontos obrigatórios a fazer no fim do mês, o trabalhador acaba por descontar para o Estado o total de 38,46% do seu vencimento bruto. Ou seja, dos 1.000,00€ acaba por receber 640,38€. Será justo? Não será este um procedimento quase criminoso para com o cidadão deste país?
Mas há mais. Se multiplicarmos os 359,62€ de desconto mensal por 12 meses, isto dar-nos-á 4.315,44€ por trabalhador/ ano. Havendo em Portugal 1.000.000 trabalhadores nestas condições a receita total anual para o Estado proveniente destes descontos alcançam o valor de 4.315.440.000,00€ (quatro biliões trezentos e quinze milhões quatrocentos e quarenta mil euros) Isto só para um milhão de trabalhadores com aquele vencimento. E os outros trabalhadores com maiores vencimentos, ou mesmo com menores vencimentos mas que também descontam? E para onde vai o dinheiro do IVA, do Imposto sobre os produtos petrolíferos, do Imposto automóvel e tantos outros impostos que seria fastidioso mencionar. Em boa verdade, dá para desconfiar a aplicação que está a ter as receitas provenientes dos nossos impostos, porque segundo vem a público o défice previsto não vai ser alcançado e a dívida pública sobe em flecha.
Pergunto: Quem nos está a roubar?

(Por opção, o autor não respeita o novo acordo ortográfico)
Autor: Carlos Rezendes Cabral

Sem comentários:

Enviar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...