Quando li a notícia não acreditei. Por breves instantes pensei que era uma brincadeira do dia 1 de abril:
“Resgate no Chipre, aprovado no Eurogrupo, apresenta uma medida inédita, um imposto extraordinário sobre depósitos bancários. Para as contas de valor inferior a 100 mil euros, serão retirados 6,7%; para valor superior a 100 mil euros, serão retirados 6,7%; nas contas das empresas, 12,5%”.
Estamos perante um crime, como ontem lembrava, num programa de televisão, um comentador. Sim, um verdadeiro crime punido pela lei criminal de qualquer país civilizado. Um crime de roubo. Agravado, digo eu, pela forma como foi decidido. Além de um crime de roubo, estamos perante algo ainda mais grave, o fim da confiança dos europeus no seu sistema bancário. Quando qualquer um de nós vai a um banco e nele deposita o seu dinheiro, as suas poupanças, não o faz apenas por desejar uma determinada remuneração dos seus depósitos. Nos tempos que correm, o nosso dinheiro vai para o banco por uma questão de confiança e segurança – o receio é tal que já nem se discute muito a remuneração dos mesmos.
Obviamente, alguns vão lembrar que o a banca cipriota se tinha tornado numa espécie de “lavandaria”. É verdade. Contudo, curiosamente, esta medida não visa atacar esse outro crime, o da lavagem de dinheiro. Não. Uma vez mais, a UE aplica a velha máxima de ser forte com os fracos e fraca com os fortes. É que esta medida não ataca as contas “russas” ou de outras paragens do género. Ataca, sobretudo, a população cipriota e as suas empresas. Pagando o justo pelo pecador. Tornando esta medida do Eurogrupo, para além de um crime, uma vergonha.
O que está a acontecer no Chipre é um desastre. O sinal que o Eurogrupo acabou de nos dar (a todos, sem excepção) é de uma clareza assustadora: os nossos depósitos bancários não estão a salvo de nada nem de ninguém. Mais, qualquer pessoa, minimamente consciente, percebe que não pode confiar nos bancos europeus, que o sistema bancário europeu está morto. E com ele, a União Europeia.
Hoje foi no Chipre. Amanhã pode ser em Espanha ou em Portugal ou noutro qualquer país europeu, basta ver a forma como a crise se está a alastrar pelo continente. Não vale a pena acreditar nas palavras de Olli Renh, já todos percebemos que estamos entregues à bicharada… E já agora, reparem na medida tomada pelo governo inglês: salvaguardou os seus.
A Europa está perigosa. Por muito menos, no passado, entrou em guerra. Em suma, estamos tramados…
Fonte: AVENTAR
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