Descoberto em 1993 na China, foi logo levado para os Estados Unidos, onde ficou duas décadas, bem longe do seu ninho. Quando regressou a casa em 2013, foi estudado e percebeu-se que, afinal, é de uma nova espécie.
Não há nada como voltar a casa. E que o diga o embrião de dinossauro conhecido como “Bebé Louie”, que voltou às suas origens, na China, depois de 20 anos fora. Nestes anos, andou “perdido” pelos Estados Unidos e os cientistas não conseguiam estudá-lo porque não estava no seu ninho. Mas tudo acabou bem e agora descobriu finalmente a que espécie pertence. Aliás, foi mesmo classificado como sendo nova espécie de oviraptor, o Beibeilong sinensis.
No início dos anos 90, fez-se uma descoberta histórica na província de Henan, na China, graças a agricultores: encontraram-se milhares de ovos de dinossauro. Era uma altura em que a China até estava a tentar controlar a exportação de ovos de dinossauro, mas foi inevitável que muitos deles acabassem por sair do país. Entre esses ovos de dinossauro havia também embriões. Foi o caso do “Bebé Louie”, que ficou logo famoso nessa altura.
Pequeno e em posição fetal, o “Bebé Louie” foi mantido no bloco de rocha de siltito vermelho, aninhado juntamente com cerca de oito ovos, três dos quais se sobrepunham mesmo a ele. E é o único embrião de dinossauro conhecido que se encontra colado a ovos de dinossauros, segundo a equipa de cientistas que agora estudou este fóssil.
Este dinossauro em formação e os ovos tinham viajado em 1993 para os Estados Unidos, adquirido pela empresa The Stone, que faz exposições com fósseis e ovos de dinossauro e vende fósseis a museus.
Três anos mais tarde, o “Bebé Louie” estava na capa da revista National Geographic, que o descrevia como o “tesouro” dos proprietários da empresa The Stone, Florence e Charlie Magovern. Foi também por causa deste artigo de 1996 que ficou conhecido como “Bebé Louie”. Porque o fotógrafo da National Geographic que o tornou famoso se chama Louie Psihoyos.
“Os ovos e o embrião ganharam fama mundial quando foram descritos num artigo da National Geographic em 1996, mas era impossível descrevê-los numa publicação científica – e nomear uma nova espécie – até à repatriação dos fósseis para a China”, explica num comunicado Philip Currie, da Universidade de Alberta (no Canadá), e um dos autores do estudo publicado na edição desta semana da revista Nature Communications.
Já em 2001, este embrião foi para o Museu da Criança em Indianápolis, também nos Estados Unidos, onde esteve exposto durante 12 anos. O museu sempre quis que o “Bebé Louie” voltasse à China, segundo o artigo científico. O acordo de devolução entre o museu e as autoridades chinesas estabelecia que o regresso deveria acontecer em 2013. E digamos que a devolução cumpriu a data: em Dezembro de 2013, o “Bebé Louie” voltava a casa e foi recebido pelo Museu de Geologia de Henan, na província onde foi descoberto.
A ausência de duas décadas levou ao esquecimento do lugar exacto onde o embrião tinha sido descoberto. Mas a procura pela casa original do “Bebé Louie” veio a ter sucesso: em 2015, um dos agricultores e cinco cientistas envolvidos na descoberta nos anos 90 voltaram a Henan e encontraram-se mais fragmentos de ovos idênticos aos do “Bebé Louie”, assim como de outros blocos de fósseis da mesma ninhada (que também deverão estar fora da China).
Como um dragão chinês
O embrião tem 38 centímetros de comprimento, enquanto os ovos do seu ninho têm 45 centímetros de comprimento e cinco quilos. São dos maiores ovos de dinossauro encontrados, segundo a equipa. Já o ninho onde se encontrava o “Bebé Louie” tinha entre dois a três metros de diâmetro e, provavelmente, continha pelo menos duas dúzias de ovos.
A posição e o tamanho indicaram que este dinossauro estava em desenvolvimento (que era um embrião), e que terá morrido porque, por algum motivo, não estava dentro do ovo. Uma análise aos seus ossos também mostrou que tinha asas e bico. Quanto ao seu progenitor, os cientistas pensam que teria de ficar a chocar os ovos e cuidar das crias.
E para descobrirem os seus pais, os cientistas olharam para a morfologia dos ossos do “Bebé Louie”. Concluíram então que pertencia à micro-ordem Oviraptorosauria, da qual fazem parte dinossauros terópodes (bípedes e carnívoros) do período Cretácico (entre há cerca de 140 milhões de anos e 65 milhões) e que viviam na Ásia e na América do Norte.
Sabe-se também que o “Bebé Louie” viveu há cerca de 90 milhões de anos e, nessa altura, podiam ser encontrados dinossauros da família Caenagnathidae (onde se incluem os dinossauros oviraptores) na China. Por isso, é um oviraptor (que significa ladrão de ovos) da família Caenagnathidae. O Bebé Louie encontrou assim o seu lugar na árvore genealógica. Agora o seu nome científico, Beibeilong sinensis, significa “bebé dragão chinês” (beibei é bebé, long é dragão e sinensis é chinês).
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