Formações rochosas nas imponentes Montanhas Altai, na Sibéria, Rússia
Um grupo de arqueólogos russos descobriu a necrópole mais antiga das montanhas Altai, na Sibéria. Os restos mortais encontrados datam do período neolítico e foram enterrados numa das regiões mais atraentes da Sibéria, num promontório do rio Chumysh.
Os arqueólogos da Universidade Estatal de Altai interessaram-se inicialmente por este promontório não por razões científicas, mas económicas: vai passar pelo local um gasoduto que ligará esta região da Rússia à China, e, de acordo com as leis russas, o terreno tem que ser previamente escavado em busca de antiguidades.
E a referida lei mostrou desta vez a sua razão de ser. no decurso das obrigatórias escavações, foi descoberta uma necrópole com oito mil anos de idade.
As ossadas encontradas pertenciam a pessoas que foram enterradas de costas, cercadas por oferendas funerárias: ferramentas de pedra, objectos de osso e inúmeras jóias feitas de pedras e ossos, a maior parte dos quais dentes perfurados de animais. Entre os artefactos, foi encontrado uma peça de escultura de pedra em forma de peixe.
“Há muitas esculturas desse tipo perto de Baikal, mas até agora não tinham sido encontradas nesta região. Eram usados, provavelmente, como acessórios para a pesca, como iscos, e também como objectos rituais”, explica Sergei Grushin, professor da Universidade Estatal de Altai, citado pelo portal Altapress.
Uma outra descoberta interessante foi o túmulo de um homem que tem junto da sua mão um bastão de osso, feito de uma costela de alce, decorado com a cabeça esculpida de um alce. Segundo Grushin, durante o neolítico, o alce era objecto de caça na região.
Um bastão de osso, feito de uma costela de alce, está decorado com a cabeça esculpida de um alce
Perto dele foi encontrado o túmulo de uma mulher, baptizada pela imprensa local como a “princesa de Chumysh“, que conservou até hoje a sua banda de couro decoradacom pendentes e placas de bronze para adornar a cabeça, bem como vestígios de cabelo entrançado e elementos de roupa, em couro e feltro.
A “princesa de Chumysh” conservou a banda de couro decorada com pendentes e placas de bronze para adornar a cabeça
O promontório nas margens do Chumish foi usado por diferentes gerações, que escolhiam habitualmente este local pitoresco para as suas cerimónias fúnebres. No mesmo sítio arqueológico foram também descobertos restos de habitantes do neolítico, bem como da Idade do Bronze e do Ferro.
A sepultura mais recente ali encontrada data do século VI d.C. e está associado a uma comunidade nómada, com uma dúzia de túmulos de crianças e mulheres agrupada em torno de um guerreiro a cavalo, com um arco com flechas e uma faca de ferro.
Estes extraordinários achados arqueológicos terão agora que ser levados em consideração na construção do gasoduto com 6700 km que vai ligar o oeste da Sibéria ao distrito de Xinjiang-Uygur, na China. 2700 desses km atravessam território da Rússia.
“Terão que contornar os artefactos sempre que possível“, explicou ao Siberian Times o professor Yuri Kiryushin, presidente da Universidade Estatal de Altai. “Se isso não for possível”, explica o professor, “então é necessário mais financiamento para fazer mais escavações e tirar estes artefactos históricos do caminho do gasoduto”.
E isso, numa das regiões mais ricas em achados arqueológicos de toda a Rússia, poderia levar a mais descobertas extraordinárias.
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