O único asteroide visível a olho nu está a passar próximo da Terra. Situa-se perto de Saturno e pode ser observado durante a lua nova
Se perder esta oportunidade, terá de esperar quase 20 anos para tentar observar novamente o Vesta a olho nu. É agora, durante a lua nova, que o asteroide mais brilhante de todos será mais facilmente identificado no céu à vista desarmada. Para isso, só tem de procurar um sítio escuro e, de preferência, tentar identificá-lo com o recurso a um mapa celeste. Um pequeno telescópio também pode ajudar.
O asteroide Vesta situa-se na constelação de Ofiúco, próximo de Saturno. Observá-lo poderá, contudo, não ser uma missão fácil. "A sua magnitude está no limite do que o olho humano consegue ver. Estas são as condições ótimas para o observar, porque é quando está mais próximo [da Terra]. Atinge um brilho que lhe permite ser visível a olho nu, mas não é um espetáculo assombroso no céu, porque está no limiar do que a vista humana consegue ver", explica Rui Agostinho, diretor do Observatório Astronómico de Lisboa (OAL).
Convém procurar um local com pouca poluição luminosa, por isso a cidade está fora de questão. "Na cidade, ou nas vilas, com luz, é para esquecer. Não vai conseguir vê-lo". Como "a luz ofusca estes objetos fraquinhos", a lua nova "é a melhor altura" para observar o asteroide.
Se tiver um mapa celeste, deve procurar Saturno, "mais fácil de ver porque é um ponto mais brilhante e não cintila". Depois, é tentar identificar Vesta, que fica aproximadamente a 170 milhões de quilómetros da Terra. "É comparável às estrelas mais fraquinhas que estarão no céu, mas não cintila tanto".
A melhor hora para o observar é durante a sua passagem meridiana, quando está mais alto no céu e se encontra na direção sul (azimute 0º). No dia 16, por exemplo, acontece às 23.28, mas no dia 31 de julho a passagem ocorre mais cedo, às 22.25. Contudo, quantos mais dias passam, mais difícil será a sua identificação. Outros horários podem ser encontrados na página no OAL.
Telescópio pode ajudar
Um pequeno telescópio pode, segundo o astrónomo, tornar a missão "mais interessante". Mas convém que seja um bom equipamento, com uma ótica de qualidade, calibrado e automatizado. "Se for bom, nota-se que o pontinho é circular, contrariamente às estrelas, que são pontos matemáticos. Ampliando-se, vê-se que tem um pequeno diâmetro, ao contrário das estrelas, que nunca têm diâmetro", esclarece o professor do departamento de Física da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
Para imaginar a dimensão de Vesta, Rui Agostinho diz que "caberia dentro da Península Ibérica e não ocuparia uma boa parte".
Estas alturas de maior aproximação da Terra, que ocorrem a cada 20 anos, adianta o especialista, "não são particularmente importantes para estudar as propriedades físicas do asteroide, porque as sondas conseguem fazê-lo [e já fizeram] muito melhor do que os telescópios terrestres". Mas, para quem o quiser fazer com um telescópio, é a melhor altura, "porque é quando se consegue ver o lado direito e esquerdo".
Vesta foi descoberto a 29 de março de 1807 por Heinrich Wilhelm Olbers e está localizado na cintura de asteroides entre Marte e Júpiter. "Sabe-se que tem uma superfície altamente refletora, mais do que a lua. Há modelos que mostram que terá sido um pequeno planeta em formação - um protoplaneta. Não teve massa suficiente para fica completamente esférico", afirma o diretor do OAL.
Fonte: DN
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