sábado, 9 de novembro de 2019

Portugal a caminho de se tornar uma referência europeia nas ciências do mar


Estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos sobre "A Evolução da Ciência em Portugal (1987-2016)" revela que a especialização de Portugal é muito superior à dos países marítimos europeus, à exceção da Noruega

Portugal está a caminho de se tornar uma referência europeia nas ciências do mar e já ultrapassou a média da UE em número anual de publicações científicas por milhão de habitantes, revela o estudo "A Evolução da Ciência em Portugal (1987-2016)" da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS), realizado por uma equipa coordenada pelo biólogo Nuno Ferrand, professor catedrático da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e diretor do centro de investigação CIBIO.

O estudo da FFMS revela que a especialização de Portugal é muito superior à dos países marítimos europeus (Espanha, Itália, Holanda, Irlanda, Grécia, etc.), à exceção da Noruega. A nível das regiões portuguesas, o Algarve e os Açores especializaram-se na investigação marinha, porque 20% a 30% de toda a sua produção científica está concentrada nas ciências do mar, enquanto nas regiões Norte, Centro e Lisboa não ultrapassa os 4%.

Por outro lado, quase metade (48%) das publicações científicas portuguesas foi realizada em colaboração com instituições de investigação de outros países, isto é, foram feitas com base na cooperação internacional. Na investigação, "Portugal é ainda um país de engenheiros", diz a FFMS, "porque as Ciências Exatas e Engenharia dominaram as publicações ao longo de três décadas, representando entre 2012 e 2016 mais de 40% das publicações científicas".

A FFMS sublinha que "apesar de uma evidente convergência com os países que integram a União Europeia, estamos ainda longe de alcançar os mais produtivos, especialmente em termos de qualidade". A Fundação assinala também que embora "cerca de metade das nossas publicações científicas exibam uma ou múltiplas colaborações internacionais, este valor está ainda distante do que se observa nas grandes potências científicas europeias, que atinge cerca de 60%".

ESPANHA É O NOSSO MAIOR PARCEIRO INTERNACIONAL

Na colaboração internacional, o estudo constata que ao logo de 30 anos verificou-se "uma constância no relacionamento com os grandes produtores de conhecimento (EUA, Reino Unido e Alemanha)". E que houve "um tremendo crescimento de colaborações com a Espanha - que se tornou o nosso maior parceiro em todos os domínios científicos - e com o Brasil". Em contrapartida, aconteceu "uma progressiva perda de influência de França, certamente motivada pelo enfraquecimento de laços culturais no atual contexto global".

Em 30 anos, "de uma débil rede de colaborações científicas entre um reduzido número de instituições do ensino superior observada em 1987", recorda a FFMS, "evoluiu-se para uma sólida e variada rede que integra hoje um número muito maior de instituições que desenvolvem atividade de investigação em todo o território nacional". E o Sistema Científico e Tecnológico Nacional passou "de um sistema essencialmente unipolar (Lisboa) para um sistema tripolar (Lisboa, região Norte e região Centro)".

Fonte: Expresso

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