A68 numa imagem captada pela NASA. © NASA
O A68 libertou-se há dois anos e meio da Antártida e segue para norte. Pode ser uma ameaça à navegação marítima, mas os cientistas acreditam que irá partir-se em pequenos blocos.
O maior icebergue do mundo está prestes a entrar em mar aberto, no oceano Atlântico. O A68, um colosso de gelo que se libertou da Antártida em 2017, está a mover-se para norte e agora situa-se no limite do mar de gelo do continente mais a sul.
O icebergue tem uma área próxima a 6000 quilómetros quadrados - cerca de três vezes a área do arquipélago dos Açores - e perdeu muito pouco da sua massa nos últimos dois anos e meio. Os cientistas dizem que o A68 terá dificuldades em manter a sua integridade quando atingir as águas mais agitadas do oceano Antártico, sendo mais provável que venha a partir-se em blocos.
#Iceberg #A68 is heading out to new open waters. Ocean swell and warmer temperatures mean inevitable breakup ahead. #Copernicus #Sentinel1 pic.twitter.com/sptrVoJuSb— polarview (@polarview) February 4, 2020
"Com uma relação espessura/comprimento semelhante a cinco folhas de A4, fico surpreendido por as ondas oceânicas ainda não terem feito cubos de gelo no A68", disse Adrian Luckman, da Universidade de Swansea, no Reino Unido.
"Se sobreviver num único bloco, quando ultrapassar a borda do gelo marinho, ficarei muito surpreendido", disse à BBC.
❄️🇦🇶 The world's biggest iceberg, #A68, is entering open ocean soon. The iceberg calved in 2017 & has a size of about 6,000 square km.#Copernicus🛰️🇪🇺 data allows to monitor the development of #ice shelfs.(👇find out more in this article by @BBCAmos)https://t.co/JIGqDRY2px
— Copernicus EU (@CopernicusEU) February 5, 2020
O A68 deixou a plataforma de gelo Larsen C em julho de 2017. Durante um ano quase não se mexeu, com a sua quilha aparentemente agarrada ao fundo do mar. Mas os ventos e as correntes começaram a empurrá-lo para o norte, ao longo da costa leste da Península Antártida, e durante este verão houve uma rápida aceleração.
O icebergue, atualmente a 63 graus de latitude sul, segue um curso muito previsível. O enorme bloco deve ser arrastado para o norte, em direção ao Atlântico - um caminho que os cientistas chamam de "beco do icebergue".
Imagem em que se reproduz a evolução e o percurso do A68 ao longo do tempo.
Muitos dos maiores icebergues da Antártida chegam até ao território ultramarino britânico das ilhas Geórgia do Sul e Sandwich do Sul, a aproximadamente 54 graus a sul.
O maior icebergue já registado na era moderna foi o bloco de 12 mil quilómetros quadrados chamado B15, que partiu da plataforma de gelo Ross em 2000. Um dos seus últimos blocos remanescentes, medindo "apenas" 200 quilómetros quadrados, está a meio caminho das ilhas Sandwich do Sul, a leste do sul da Geórgia.
Objetos deste tamanho precisam de ser constantemente monitorizados, pois representam um risco para o transporte marítimo. Imagens de satélite são a forma óbvia de o fazer.
Enquanto estão de olho no A68, os cientistas estão também a seguir com atenção outros dois icebergues que estão prestes a nascer.
Um deles está a sair da frente de Pine Island, na Antártida Ocidental. Terá um pouco mais de 300 quilómetros quadrados e apresenta-se já como um bloco cheio de rachas. "Espero que este novo icebergue se parta em pedaços logo após o nascimento", disse Luckman.
O outro icebergue grande está a formar-se no leste da Antártida, na borda de Brunt. Deve ter cerca de 1500 quilómetros quadrados. Chamou a atenção porque a estação de pesquisa britânica de Halley teve de ser transferida para garantir que não ficasse em perigo.
Fonte: DN
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