Apesar do elevado número de exoplanetas já descobertos – são já mais de 4.000 planetas para lá do Sistema Solar -, continua a ser muito difícil observá-los diretamente e explorar as suas eventuais condições de habitabilidade devido às enormes distâncias que nos separam destes mundos.
Tentando colmatar este problema, uma equipa de astrónomos da Universidade Cornell, nos Estados Unidos, propôs uma nova forma para ajudar a determinar se um mundo para lá do Sistema Solar pode ou não reunir condições de habitabilidade.
A nova abordagem baseia-se na cor das superfícies dos exoplanetas e na quantidade de luz que estas refletem, detalha a equipa no novo estudo, cujos resultados foram recentemente publicados na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.
“Observamos como é que diferentes superfícies planetárias em zonas habitáveis de sistemas solares distantes podem estar a afetar o clima dos exoplanetas. A luz refletida na superfície dos planetas tem um papel significativo não só no clima geral deste mundo, mas também em espectro detetáveis dos planetas semelhantes à Terra”, explicou Jack Madden, astrónomo e coautor do estudo agora divulgado.
Durante as investigações, os astrónomos analisaram vários tipos de estrelas, bem como as superfícies dos planetas. Depois, criaram um algoritmo para calcular o clima com base na cor da superfície de um planeta e na luminosidade da sua estrela.
Por exemplo, se um planeta é rochoso e composto por basalto negro, este absorverá mais luz e, portanto, terá temperaturas mais quente. Em sentido oposto, uma superfície arenosa rodeada de nuvens reflete mais luz, tendo, por isso, o planeta temperaturas mais baixas.
Madden explicou o conceito astronómico fazendo um analogia com o quotidiano.
“Pensem em vestir uma camisola escura num dia de verão. Vão aquecer mais, porque a roupa escura não está a refletir a luz. Tem um albedo [poder de reflexão] baixo e retém o calor. Se usarem uma peça de roupa com um tom claro, como é o caso branco, o albedo vai refletir a luz e a camisola vai manter-vos mais fresco”.
Lisa Kaltenegger, co-autora do estudo, sublinha que o exemplo das cores da roupa é semelhante ao funcionamento das estrelas e dos seus planetas.
“Dependendo do tipo de estrela e da cor primária do exoplaneta, a cor do planeta pode mitigar parte da energia emitida pela sua estrela (…) A composição da superfície de um exoplaneta, a quantidade de nuvens que o cercam e a cor do seu sol podem mudar significativamente o clima de um exoplaneta”, explicou Kaltenegger.
A nova abordagem, frisa ainda o portal russo SputnikNews, pode simplificar a procura por planetas distantes potencialmente habitáveis.
Os cientistas estão agora à espera de instrumentos científicos poderosos, como é o caso Telescópio Espacial James Webb, que permitirão aos astrónomos testar as suas previsões sobre o clima e ajudar na procura da vida noutros cantos do Universo.
Fonte: ZAP
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