quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Asteroide Apófis mais próximo de colidir com a Terra


Um asteroide do tamanho de três campos de futebol está a acelerar, o que, com a sua trajetória atual, poderá levá-lo a colidir com a Terra em 2068.

É um alerta deixado por investigadores do Instituto de Astronomia da Universidade de Hawai, que examinaram o corpo celeste e perceberam que a velocidade a que este se desloca está a aumentar devido a algo conhecido como o efeito Yarkovsky.

O asteroide de cerca de 370 metros e que recebeu o nome do deus do caos egípcio, o descriador, passa perto da Terra periodicamente, normalmente em abril e em outubro.

O Apófis é empurrado pela luz solar. O efeito Yarkovsky de aceleração dá-se quando algumas partes do asteroide aquecem mais depressa do que outras, implicando que a radiação termal já não é uniforme. É o suficiente para lhe alterar a trajetória.

"As novas observações, que obtivemos através do telescópio Subaru no início deste ano, foram suficientemente boas para revelar a aceleração Yarkovsky de Apófis", declarou o astrónomo Dave Tholen num comunicado de imprensa.

"Mostram que o asteroide se está a afastar da sua órbita puramente gravitacional em cerca de 170 metros ao ano, o que é suficiente para manter em cena o cenário de impacto em 2068", acrescentou. Ainda há muito tempo para confirmar a hipótese. Até agora, a probabilidade de impacto a 12 de abril de 2068 era de 1 em 150 mil.

Apófis foi descoberto a 19 de junho de 2004, por Roy A. Tucker, David J. Tholen, e Fabrizio Bernardi no Observatório Nacional Kitt Peak. Tholen tem estado a segui-lo desde então.

Olhos postos em 2029

Prevê-se que Apófis passe muito perto da Terra a 13 de abril de 2029, uma sexta-feira, o suficiente para ser visto a olho nu em regiões rurais e regiões suburbanas com pouca iluminação, e visível de binóculos noutros lugares. Esta passagem próxima será visível na Europa, em África, e na porção oeste da Ásia.

Os astrónomos garantem que não há possibilidade de impacto com a Terra nesse dia. "Já sabemos há algum tempo que isso não será possível na aproximação de 2029", afirma Tholen.

O Apófis é contudo um dos asteroides mais seguidos nos céus, pelas suas probabilidades de impacto com a Terra.

Acredita-se que a aproximação de 2029, a 31 mil quilómetros do solo e abaixo da órbita da maioria dos satélites geoestacionários, deverá alterar de forma substancial a sua rota. Se a órbita do Apófis após essa data ficar em ressonância com da Terra, isso irá aumentar a possibilidade de futuros impactos.

Análises constantes afastaram já a janela de um possível impacto em 2036, noutra das passagens do asteroide pelo nosso planeta. Mas, estudos anteriores ao resultado de uma eventual colisão nessa data, previam que a queda de Apófis em países como a Colômbia e a Venezuela, na trajetória prevista, poderia provocar mais de dez milhões de mortos, se não se organizassem planos de evacuação dessas áreas.

A queda num dos grandes Oceanos, Atlântico ou Pacífico, iria produzir por outro lado o tsunami devastador com um raio de ação de cerca de mil quilómetros para o interior das costas da América do Norte, do Brasil e de África, de três mil quilómetros no Japão e de 4.500 para algumas áreas do Hawai.

Em média, a Terra recebe o impacto de um asteroide do tamanho de Apofis uma vez a cada 80 mil anos.

Já em 2005 o ex-astronauta da Apollo, Rusty Schweickart, pedira para ser colocado um transponder no asteroide, para um rastreamento mais preciso.

Antes de serem conhecidas as atuais conclusões de Tholen quanto ao efeito Yarkovsky, e de acordo com o programa da NASA que estuda os Objetos Próximos, projetava-se que a 12 de abril de 2068 e a 15 de outubro de 2069, o Apófis se aproximaria a cerca de 120 quilómetros do solo, abaixo dos satélites, o que admitia uma janela de impacto considerável.

Esta não será também a primeira razia ao nosso planeta de um asteroide potencialmente perigoso. Em julho deste ano um objeto espacial do tamanho de "uma pirâmide", grande o suficiente para destruir uma cidade, por pouco não atingiu a Terra.

A NASA detetou-o apenas três semanas antes da passagem.


Ler mais neste link Universidade do Havaí

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