Veículos movidos a gás natural (GNV) já não são uma novidade. Agora, um autocarro movido a um gás proveniente de excremento de galinha está a rodar pelo Brasil.
O projecto é da geradora de energia Itaipu, localizada no Paraná, e da fabricante de camiões e autocarros Scania, que lançaram o veículo abastecido com biometano produzido a partir de dejectos de 84 mil aves poedeiras, galinhas destinadas à produção de ovos de uma exploração localizada a 100 km da central.
Segundo Cícero Bley, representante da Agência Internacional de Energia no Brasil e superintendente da Itaipu, a maior vantagem deste combustível é a redução em 70% da emissão de poluentes vindos dos veículos, além de a produção ser viável, já que «no Brasil há cinco milhões de produtores rurais, que podem gerar [o gás]».
Outra vantagem seria económica. «O quilómetro rodado do diesel custa três vezes mais do que o do biometano. Se tem uma frota de 10 camiões, entre 30 a 40% deles andaria de graça, caso todos os veículos usassem o gás», afirma Bley.
Já para o professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo Erick Rego, o uso do gás é limitado e não atende à procura do país.
«A dificuldade que se tem com o biogás é a logística. O gás natural é injectado nos gasodutos para serem usados nas metrópoles, já para o biometano [que não tem uma rede estabelecida] o transporte terá que ser feito por camiões, o que torna o produto muito caro. Em geral, a utilização do gás só compensa para o uso local», explica Rego.
O professor também diz que a capacidade de produção do gás é pequena, «o que não justifica grandes sistemas logísticos ou grandes estruturas». «Além de não ter quantidade suficiente de dejectos para ter uma escala comercial», acrescenta.
«O biometano pode ser um caminho alternativo e benéfico para o meio ambiente, mas ainda não dá para substituir o petróleo», finaliza Rego.
Fonte: DD
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