Equipada com painéis solares, com um peso mínimo de 60 toneladas e aberta a todos os países para experiências científicas. A China apresentou esta terça-feira uma réplica da sua primeira grande estação espacial, que pretende voar no espaço a partir de 2022.
A Estação Espacial Chinesa (CSS), também chamada de Tiangong (que significa "Palácio Celestial") foi apresentada esta terça-feira na Feira Aeronáutica e Aeroespacial em Zuhai (no sul da China). A réplica da futura estação é composta por três partes: um módulo principal com cerca de 17 metros de comprimento, destinado à vida e trabalho dos ocupantes e dois anexos disponíveis para a realização de experiências científicas.
O início da montagem da CSS está previsto para 2022 e tem uma estimativa de vida de 10 anos.
Com um peso total mínimo previsto de 60 toneladas, equipada com painéis solares, a estação espacial do futuro tem capacidade para três astronautas, que poderão viver lá continuamente e realizar pesquisas em áreas como a ciência, a biologia e a microgravidade.
A China anunciou também que a estação estará aberta a todos os países, para fins de experimentação científica, tendo já vários institutos, universidades e empresas públicas e privadas sido convidadas a apresentar propostas. Até ao momento, contam-se já 40, provenientes de 27 países e regiões que vão, posteriormente, passar por um processo de seleção.
Bill Ostrove, especialista em questões espaciais na Forecast International (um escritório de aconselhamento americano) garante que "ao longo do tempo, a China colherá bons frutos".
"Muitos países e um número crescente de empresas privadas e universidades têm programas espaciais, mas não têm o dinheiro para construir a sua própria estação espacial. A possibilidade para eles (graças à China) de enviar cargas úteis para uma plataforma de voo habitada e realizar experiências é algo extremamente precioso", observa.
A Agência Espacial Europeia (ESA) está já a enviar astronautas para treinar na China com o objetivo de viajar um dia para a estação chinesa.
Apesar da rivalidade entre Pequim e Washington, envoltos numa guerra comercial, Chen Lan - analista para o site especializado no programa espacial chinês GoTaikonauts.com - afirma que é possível que um astronauta americano venha a trabalhar a bordo da CSS: "A agência espacial chinesa e a ONU poderiam pensar em algo assim. Mas não é certo que o Congresso americano seja da mesma opinião".
A Estação Espacial Chinesa (CSS) deverá tornar-se a única a existir no espaço, uma vez que está prevista a retirada da Estação Espacial Internacional (ISS) — que associa Estados Unidos, Rússia, Europa, Japão e Canadá — em 2024.
"A China vai utilizar a sua estação espacial da mesma maneira que os parceiros da ISS utilizam a sua atualmente: pesquisa, desenvolvimento de tecnologia e preparação das equipas chinesas para voos de longa duração", explicou Chen Lan.
Apesar do gigante asiático passar a ser "uma das grandes potências do espaço", Bill Ostrove (especialista em questões espaciais na Forecast International) refere que a Rússia, o Japão e a Índia vão continuar a desempenhar um "importante papel", continuando os Estados Unidos a ser o atual "poder espacial dominante".
"Dominar o espaço nunca foi uma meta para a China", aponta Chen Lan, referindo que as questões comerciais são cada vez mais importantes a nível espacial, sendo a inovação e a ciência fortes impulsionadores económicos.
Pequim investe milhões no seu programa espacial, com a coordenação do exército. Coloca satélites em órbita por conta própria (obsevação, telecomunicações e sistema de geolocalização Beidu) e espera ainda enviar um robô a Marte e humanos à Lua.
Fonte: SAPO24
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