Uma equipa de cientistas espanhóis identificou a pegada de uma nova espécie de hominídeos até agora desconhecida no genoma do povo asiático. Segundo uma recente investigação, este ancestral humano é fruto do cruzamentos entre neandertais e denisovanos.
O estudo, esta semana publicada na revista Nature Communications, recorreu à inteligência artificial e, utilizando a algoritmos e métodos estatísticos, conseguiu consolidar a hipótese de uma terceira espécie extinta que coexistiu com humanos após uma parte da população de homens modernos ter abandonado África.
De acordo com Jaume Bertranpetit, professor de Biologia da Universidade Pompeu Fabra (Barcelona) e do Instituto de Biologia Evolutiva, e um dos investigadores principais deste estudo, a ideia passava “simplesmente por tentar investigar o genoma das diferentes populações humanas atuais”.
A presença de genes neandertais e denisovanos em humanos até agora encontrada, não justificava a atual composição do genoma: “Precisávamos de um terceiro grupo, o que seria fundamental para explicar o genoma das populações asiáticas”, explicou Bertranpetit.
A comunidade científica concorda que todos os humanos modernos são geneticamente relacionados entre si numa profundidade de tempo de 300 mil anos e que compartilham uma raiz africana comum. Apesar de haver consenso nestes dois pontos, ainda se discutem os encontros entre os humanos modernos e os diferentes hominídeos já extintos, que conviveram na Eurásia. O novo estudo vem “elucidar” alguns aspetos desta convivência.
Composição das populações terá de ser reconstruida
Se há dez anos se descobriu com surpresa a falange do dedo de uma menina cujo genoma provou a existência de um hominídeo até então desconhecido – o Denisovan -, nos últimos anos descobriu-se que tanto o homem moderno como o de Neandertal se cruzaram com esta espécie recém-descoberta.
E, a nova descoberta aponta nesse sentido, mostrando que o cruzamento de neandertais e denisovanos era generalizado e, muito provavelmente, originou um novo hominídeoque, por sua vez, se terá cruzado mais tarde com os seres humanos atuais.
“[Os dados] encaixam com o híbrido que foi descoberto neste verão. Acreditamos que não foi apenas um indivíduo, mas antes uma população híbrida inteira”, sustentou o biólogo. Os resultados agora alcançados significam que “toda a composição das populações anteriores à chegada dos humanos modernos terá de ser complemente reconstruida”, rematou.
Além disto, e de acordo com o especialista, a nova investigação deixa a porta abertapara a descoberta de outras espécies de hominídeos: “Não está descartado que não houvesse mais [espécies]”, alertou Para Bertranpetit, o uso do deep learning (algoritmos de aprendizagem automática) trará “grandes surpresas no futuro”.
Claro é que com apenas dois grupos de hominídeos – neandertais e denisovanos – não é possível explicar a atual composição do genoma humano. Com três grupos, “possibilidades explicativas máximas” foram alcançadas, acrescenta o investigador.
Fonte: ZAP
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